17 de maio de 2010

LOSTMANIA - Viciados em Lost e o fim da série


Estes dias está terminando um dos seriados mais seguidos e interessantes de todos os tempos: LOST. Devido à importância dessa história, que ocupou um espaço na minha agenda nos últimos quatro anos, eu não poderia deixar este acontecimento passar em branco.

Eu sou avesso a fenômenos de massa, principalmente os televisivos e literários (estes graças a Dan Brown e os estúpidos enxames de livros de autoajuda que, quando você entra numa livraria, se não se esquivar deles, eles vêm de encontro a você e podem atropelá-lo). Com Lost foi diferente, mas não de início, pois me dava chateação ouvir falar tanto e não poder assistir, porque era muito tarde, na "Rede Bola" – e, sobretudo, dublado com as vozes enjoadas de filmes de Sessão da Tarde, em que macacos jogam basquete e beisebol, e cachorros falam com pessoas.

Muito depois, eu fui cativado pelos mistérios da ilha. Como isso ocorreu? Bem, eu sempre perguntava aos seguidores do enlatado sobre o que era a série, por que era interessante, o que ela tinha de melhor e por que ela fazia sucesso. A curiosidade esperava mais vontade e oportunidade.

De tanto ouvir os comentários e as perguntas (ao invés de respostas, porque as respostas fatalmente levavam a mais questionamentos), as interessantes discussões de alguns grandes amigos que assistiam à trama religiosamente, com paixão, divagando, teorizando, contagiados uns pelos outros... Um dia eu tive a oportunidade de, em viagem, na casa de minha melhor amiga, que estava morando em Fortaleza, assistir ao episódio oito da terceira temporada (que, na minha opinião, foi a melhor delas!).

O episódio me pareceu eletrizante. E eu gostei tanto que resolvi assistir desde o começo, para entender o que tinha acabado de ver. Comecei a alugar os DVDs da série na videolocadora e pus banda larga, em parte para poder assistir aos episódios seguintes, que eram disponibilizados para baixar, com legendas, no dia seguinte à exibição nos canais do Tio Sam e do Canadá.

Daí já não podia encontrar ninguém que acompanhasse a série, porque sempre a conversa virava simpósio de teóricos de Lost; e quem não estava por dentro do assunto fatalmente ficava a ver navios. Imagino a antipatia de quem ficava nessa situação... Mas sempre tinha um atenuante: tal pessoa podia escutar com simpatia de alguém: “Eu lhe empresto para você assitir! Você vai adorar!”...

Uma coisa chata é que as duas primeiras temporadas foram longas, começaram a ficar sem direção e tinham muitos "FLASHBACKS" tristes. Mas se você passar delas, você verá que a trama começou a se direcionar para o fim (as pessoas tinham medo de a história não chegar a lugar algum ou terminar de modo brusco, decepcionante e pouco criativo, por isso paravam de acompanhar a série). Nesse ínterim, no finzinho da terceira temporada, tivemos uma ótima notícia: Lost terminaria em 2010, com seis temporadas, final definido e com cerca de 15 episódios cada uma.

As nossas conversas “Lostmaníacas” se tornaram bem mais doidas após o anúncio do fim. E o pessoal da igreja sempre contribuía para exagerá-las perto de quem não assistia depois de trocar umas piscadelas – só para ver a cara de quem escutava coisas como...

“2010!? ... Eu vou fazer tudo para não morrer nesses três anos! Eu não posso morrer sem ver o final.”

“ Vou começar a olhar mais a rua antes de atravessá-la: tenho que viver mais três anos para saber como termina Lost.”

“Já imaginou se nós formos arrebatados ou morrermos antes? Iríamos ter que perguntar [a Deus] como seria o final... Que vergonha!”

– E alguém respondia:

“Pois é. Já imaginou a gente no céu com a cabeça na terra? Sem paz por causa disso!”

“Vamos ser otimistas, Jesus vai voltar depois do final!”

Depois de gargalharmos diante dos olhos arregalados e pessoas boquiabertas que ouviam estas “pérolas de sabedoria”, o tom da conversa, logicamente, mudava. E a gente percebia e discutia coisas como: por que nós não pensamos muito na vinda de Cristo, na morte e não nos preparamos para isso, como se pudesse ocorrer agora; e por que só pensamos nisso quando convém, quando sofremos... Que coisa mais feia! Isso, infelizmente é uma "CONSTANTE".

Noite dessas, após o culto, eu conversava – brincando e com cara de sério – com um seminarista amigo meu, que pregou na nossa igreja: “Lost termina no fim do mês. [pausa dramática] Passei os últimos três anos tentando não morrer para poder assistir ao final da série. E agora vai terminar!... Preciso urgentemente encontrar uma nova razão para viver...”

Ele bateu na Bíblia olhando pra mim e riu, percebendo o gracejo que eu havia feito. E retribuiu: "É... você está realmente PERDIDO."

Depois eu disse que era brincadeira e caí na gargalhada também, com todo mundo. E completei com um sorriso maroto: “Mas é sério.”

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