24 de agosto de 2015

Reencontro

Tem uma musica com uma letra um tanto questionável que vez ou outra me faz refletir sobre Deus ("One of Us", Joan Osborne). E se Deus se mostrasse a você? E se ele se mostrasse de um modo diferente do que você espera?

Várias vezes nas Escrituras, o temível Deus que envia raios e fala nas chamas com voz de trovão, Aquele que vestiu-se de carne e nasceu, mesmo tendo sempre existido e sido o mesmo, surpreendeu até mesmo aqueles que viviam em sua intimidade (João 1.18).


E se Deus fosse como um de nós ao encontrar você? Você o reconheceria? Eu me pego a pensar sobre isso de vez em quando. Não que eu espere ver o rosto do Todo-Poderoso "Eu Sou" pelas ruas da cidade, gritando alto no meu ouvido para se sobrepor ao som do tráfego intenso.

Mas surpreende-me pensar que o profeta Elias encontrou o dono do céu e da terra, o Senhor dos reis da terra, na porta de uma caverna do deserto, diferentemente do que ele esperava, num sussurro ao vento.

Espanta-me que Maria Madalena, no jardim onde antes estava sepultado Jesus, aquele que é a Vida e que venceu o poder da morte, tenha tomado Este, a quem tanto amava, por quem derramava lágrimas entre soluços de aflição, pelo coveiro que cuidava dos sepulcros.

Como os discípulos que retornavam desconsolados para Emaús, pensando no Profeta que fora morto, Aquele em quem haviam posto sua esperança, cuja doce voz os guiara por muito tempo, cujo pão saciou muitas vezes não apenas o vazio de seus estômagos mas também o de seus corações... Como puderam não reconhecê-lO enquanto lhes falava uma vez mais, conversando pelo caminho na volta para casa? (Lc 24.13-35)

Como eu me sentiria na pele de Filipe se, depois de três anos seguindo Aquele que um dia me chamou, tão humilde que sua simplicidade ocultava toda a sua glória divina... Como me sentiria diante de sua resposta ao meu pedido "mostra-nos o Pai"... Naquele momento, ao ouvir Aquele cujos passos se juntavam aos meus nas empoeiradas ruas de Israel, me responder que eu já havia contemplado e conhecido o Pai todas as vezes que olhei para o Seu próprio rosto? (João 14.1-9)

"E nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido", mestre, "glutão e bebedor de vinho", hippie, comunista, revolucionário do amor... "filho do carpinteiro", "salvador do mundo", quebrador do sábado, louco... Enfim, se no Servo não havia beleza que nos atraísse, se Ele era tudo o que nós não esperávamos, não admira que Jesus tenha nos ensinado que todas as nossas atitudes para com o menor de seus pequeninos eram contadas como feitas a Ele mesmo. Admira, sim, que não aprendamos essa lição! Que uma música não cristã despretensiosa possa levar-me a pensar sobre esse ensino do Mestre. "Deus está, mas não apenas, nos detalhes", como diria um amigo meu. (Isaías 53; Mateus 11.19; Marcos 6.3; João 4.42 ... Mateus 25.40)

A intimidade com Deus sempre surpreende.

Já pensou, entre as nuvens do céu, quando nada mais importa, nenhuma distração pode lhe assaltar, quando luz alguma pode atrapalhar sua clara visão nem barulho ensurdecê-lo, como na tranquilidade de um mergulho iluminado, você de repente contemplá-lO e dizer: "Já nos vimos antes, não?"; E Ele lhe responder, "Não diria que uma vez apenas. Mas sempre fiquei feliz quando nos encontramos. Mesmo no ônibus lotado na volta para casa."?

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