29 de junho de 2011

He-Man: revoltado com a Teologia da Prosperidade

Quando eu era criança, achava muito legal assistir ao He-Man e à She-Ra (Na verdade eu assistia tudo que havia de programas infantis e desenhos animados). Mais legal ainda era que, no final de cada desenho, He-man deixava um conselho prático ou um ensinamento interessante (Bom, no caso de She-Ra, eu me lembro que eu tinha de encontrar Geninho...). Bons anos 80 que não voltam mais, não é?

O que me despertou, de fato, para a importância dos conselhos de He-Man foi que, num certo episódio, Esqueleto, o eterno arqui-inimigo do nosso super-herói, ficou pendurado na borda de um precipício, e a queda resultaria em sua morte. E eu, como toda criança normal, fiquei vibrante e pensei logo: "Finalmente He-Man vai pisar a mão desse cara e acabar com o mal!".

Qual não foi minha surpresa ao ver que He-Man tomou a mão de Esqueleto e o salvou! Foi um choque. Como alguém tão bom poderia salvar alguém tão mau, que só pensava em prejudicar as pessoas? -- pensava eu. Não era óbvio para mim: ele era realmente bom, e fazia algo que Cristo ensinou e praticou. No final, lembro que aquela boa atitude e bom exemplo me impactaram até hoje. Eu não me esqueço de forma alguma que Esqueleto ficou sem jeito e saiu com o rabinho entre as pernas, agradecendo ao seu rival -- e agora também herói -- por tê-lo salvado.

Pesquisando dia desses na internet, para ver se encontrava algum desses conselhos "He-Mânicos" no You Tube, encontrei vários deles. Creio que algo assim seria uma pérola para crianças e pré-adolescentes se ainda passasse na TV (e por que não dizer para os tiozões e tiazonas também?), que hoje em dia encontram desenhos superficiais, violentos, fúteis e que, raras vezes, transmitem uma boa mensagem, e de forma clara e direta.

Um desses vídeos de pérolas "He-Mânicas", tem uma temática que me deixou bastante impressionado por se encaixar perfeitamente na nossa realidadezinha "gospel": a busca de poder e dinheiro fácil, que lembra muito a nossa velha conhecida, a famigerada, a descartável, a tóxica e rebatida... "Teologia da Prosperidade".


Pois é... depois disso He-Man passou a ser, para mim, ainda mais "mano".

4 de junho de 2011

Dos sonsos, brincalhões, mais-que-perfeitos, esquecidos e do tubinho de corretivo


"Não me arrependo de nada." -- respondeu certa celebridade, em entrevista a um programa de TV sensacionalista, ao ser perguntada se acaso se arrependia de algo em sua vida. Talvez eu não tivesse me importado tanto se a entrevistada não apregoasse ser "evangélica" e não tivesse uma vida artística indecente e cercada por polêmicas desde antes de sua "conversão". A inquietação que surgiu na hora me trouxe várias perguntas: 
  • Que mensagem alguém assim estaria transmitindo? 
  • Que imagem do evangelho um indivíduo não evangélico teria ao ver esta entrevista? 
  • O que levaria uma pessoa que se diz "evangélica" a afirmar que não se arrepende de nada em sua vida? 
  • Será que tal pessoa realmente entendeu as boas-novas (que devemos nos arrepender de nossos pecados e crer em Jesus Cristo para sermos perdoados por Deus - Atos 3.19; 4.12) e teve um encontro real com Jesus? 
  • Saberia ela o que é ser amada, perdoada e recebida de braços abertos por um Deus justo, santo e perfeito? 
  • Conheceria o significado da palavra graça (favor de Deus)?

Na certa, ninguém afirmaria "eu sou perfeito" ou "eu nunca erro"... seria absurdo. Mas se dizemos que não pecamos e que não temos de que nos arrepender, fazemos de nós mesmos mentirosos e incoerentes (1 João 1.6-8), pois é como se disséssemos que estamos em pé de igualdade com Deus em sua perfeição e santidade e que nada devemos a Ele.

Ao falarmos de conduta cristã, não devemos tomar como padrão a opinião pública ou o politicamente correto, mas a palavra de Deus. E esta nos diz que todos falhamos e fomos reprovados aos olhos de Deus, e que somos desesperadamente carentes da redenção e do perdão divinos, que se encontram somente por meio de Jesus Cristo (Romanos 3.10,12,23-24).

Creio que seria fácil condenarmos imediatamente alguém que segue um estilo de vida indecente, pecaminoso e cheio de vicios, pois facilmente nos veríamos como pessoas não tão ruins apenas por não comungarmos especificamente dos mesmos erros. Mas Jesus não pensa da mesma forma: o resumo de sua mensagem a todos é: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Marcos 1.15; veja também Lucas 13.1-3). Porque todos pecamos, e apenas um pecado é suficiente para condenar-nos diante de Deus (Romanos 3.10, Tiago 2.10).

Assim, para chegarmos a Ele e obtermos seu perdão, devemos deixar nossos pecados. E, se deixamos nossos pecados um dia, crendo que eles foram pagos por Jesus, e que, agora, libertos deste peso, somos livres para vivermos para Deus, por que diríamos depois que não nos arrependemos de nada? Bizarro!

Nosso orgulho muitas vezes faz com que, mesmo tendo sido regenerados, em alguns momentos de nossa existência, façamos pouco caso de nossos pecados, como se eles não tivessem importância. Mas foi precisamente por causa deles que Jesus derramou sua vida na cruz, tornando-se o sacrifício perfeito que pagou a pena que merecíamos por cometê-los (Romanos 5.6-8).

O pecado habitual nos torna insensíveis e leva a uma certa "amnésia" em relação ao primeiro amor entre nós e Deus. Precisamos estar atentos para isso, a fim de evitarmos que Ele tenha que chamar nossa atenção de forma mais enérgica. Porque Deus castiga aos filhos que ama, e tudo fará a fim de que possamos andar em comunhão e santificação junto de Si (Apocalipse 2.5).

Jesus ordena urgentemente que nos arrependamos. E não podemos nos valer de pretextos e nem nos deixar iludir por quem transmite um evangelho diferente, seja com suas palavras ou com seu exemplo (Gálatas 1.8-9). Como podemos menosprezar o arrependimento, nós que passamos por ele quando conhecemos o amor do Mestre outrora? Como podemos negar nossa fé assim? Não importa o que digam por aí, a Bíblia é muito clara em afirmar que sem santidade ninguém verá a Deus, e santidade não pode haver onde o pecado se torna constante e subestimado (Hebreus 12:14).

Uma vez brinquei com uma colega de trabalho, a qual me perguntou se eu tinha um tubinho de corretivo para emprestá-la, porque ela tinha errado escrevendo de caneta. Eu lhe respondi: "Não, não tenho. Corretivo é para quem erra." -- Brinquei, claro. E nós rimos muito. Mas tem gente por aí que fala isso sério!

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