24 de maio de 2011

A Bíblia em Mangá - O Novo Testamento. Resenha.


Traduzida do inglês, "The Manga Bible", foi lançada no Brasil em dois volumes. Dias atrás, publiquei uma resenha sobre "A Bíblia em Mangá* - O Velho Testamento". Agora, como prometido, comento o volume do Novo Testamento.

Esta segunda parte de "A Bíblia em Mangá" mostra, resumidamente e em quadrinhos, a história de Jesus (desde o seu nascimento até a sua morte e ressurreição), o início da igreja cristã, a vida dos apóstolos e o Apocalipse.

Destaco as parábolas de Jesus, que vão aparecendo ao longo da narrativa de sua vida. Você verá uma releitura moderna de algumas delas, como o bom samaritano, o filho pródigo e os maus lavradores - com um traço leve e um pouco caricato. 

A vida do apóstolo Paulo se entremescla com a narrativa de suas cartas às igrejas. E os autores fizeram um bom trabalho para situar alguns eventos no tempo e no espaço por meio da inserção de personagens que não aparecem no livro de Atos dos Apóstolos, como Onésimo (mencionado na Bíblia, na epístola de Paulo a Filemon) e de um mapa.

Como no volume do Velho Testemento, os quadrinhos não trarão todos os livros do Novo. Por ser uma condensação do texto, a vida de Jesus e a dos apóstolos são contadas em duas seções, abrangendo apenas o essencial em poucas páginas. E o livreto traz alguns bônus, como uma conversa com os autores e rascunhos.

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O estilo do desenho neste volume pareceu-me mais legal que no anterior. Em especial, o Apocalipse. Os evangelistas lembram mais super-heróis, e são bastante estilosos! A história passa rápido, e, caso você queira compará-la com a Bíblia, os autores incluíram as referências desta no canto das páginas, para ajudá-lo. Isso é particularmente interessante quando se vê Paulo ditando trechos das suas epístolas.

Não posso, entretanto, deixar de tecer algumas críticas. Apesar de não haver problemas teológicos ou doutrinários, ressalto que, com relação à versão bíblica base adotada, o livro menciona que utiliza a “Nova Versão Internacional para o Dia de Hoje”, edição de 2004, que não existe em português, mas apenas em inglês (Today’s New International Version” da Sociedade Bíblica Internacional). Trocando em miúdos, não foi usada versão alguma, mesmo havendo indicação.

E isto facilmente se evidencia pelos excessivos erros de conjugação de "vós" e "tu", ou de ortografia, como quando Jesus foi ao "tempo", ao invés de ir ao "templo". Há um trecho em que Jesus comete três erros de português numa só fala! Lembrei-me imediatamente de Seu Creysson, com "équio" e tudo! Esta foi realmente a parte que me desapontou demais.

Uma coisa que soou estranho foi o uso do termo "trabalho" ao invés do tradicional "obra" da Bíblia ("obra" refere-se ao cumprimento dos mandamentos da lei de Deus e a alguma coisa boa que praticamos. Segundo a Bíblia, não podemos ser salvos pelas nossas "obras", mas somente pela fé em Jesus Cristo; apenas Ele pode perdoar nossos pecados, porque sua morte pagou a pena que merecíamos por ter pecado).

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Está escrito assim no mangá: "Se Abraão foi justificado pelo trabalho..." Isto seria facilmente associado com o texto bíblico se o tradutor tivesse recorrido a uma Bíblia e posto "por obras" no lugar de "pelo trabalho". No inglês cola, é o normal, mas em português fica exótico. Na verdade, alguns trechos traduzidos ficaram difíceis de ser apropriadamente entendidos por quem não conhece o texto da Bíblia ou um pouquinho de como o evangelho funciona, trazendo uma certa confusão (na página de onde tirei esse exemplo principalmente!). 

Seria necessário revisar todo o texto valendo-se de uma versão bíblica em linguagem moderna para uma segunda edição (como a Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional, ou a Nova Tradução na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil), levando em conta que a obra é uma adaptação da Bíblia para quadrinhos, e que, por isso mesmo, deve ser cercada de grande cuidado e de uma linguagem acessível a jovens leitores.

Eu fiquei decepcionado com as falhas da publicação, entretanto, recomendo a leitura a todos aqueles que sejam seguros bíblica e, sobretudo, linguisticamente.

Da mesma forma que na primeira resenha, estou enviando por e-mail uma cópia desta à editora, para que futuras edições possam vir aperfeiçoadas.
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* Mangá -- estilo oriental de histórias em quadrinhos, em que os personagens têm olhos grandes e expressivos, cabelos estilosos e aparecem em histórias de vários tipos, como dramáticas, de ação, policiais, fantásticas...)

Dados gerais da obra:
A Bíblia em Mangá – O Novo Testamento
Editora: JBC
Autor: AJINBAYO AKINSIKU & AKIN AKINSIKU
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 96
Acabamento: Brochura

18 de maio de 2011

A Bíblia em Mangá – O Velho Testamento. Resenha.



Há muito tempo eu havia visto uma matéria sobre o lançamento de "The Manga* Bible" (A Bíblia em Mangá). Lembro-me de que dei uma olhada em algumas páginas disponíveis na Amazon.com e achei a ideia muito legal. Eu torcia para que ela fosse traduzida para o português. Por não ter olhado os dados da publicação, eu pensava ser uma Bíblia de verdade, mas com algumas passagens ilustradas em estilo mangá em determinadas páginas.

Tratava-se, porém, de uma HQ mesmo. Achei melhor ainda, por constituir uma obra mais independente, que pode ser avaliada sozinha e por seus próprios méritos, e capaz de tornar a Bíblia um livro mais acessível ao público não-religioso e fã de quadrinhos.

Enfim, esses dias eu estava navegando pela sessão de HQs de uma grande loja virtual, e qual não foi minha surpresa de encontrar a Bíblia em Mangá em português! Fiquei muito contente. Mas lamentei a falta de uma resenha mais detalhada que tirasse minhas dúvidas sobre o produto, ou mesmo umas páginas para ler. Comprei os dois volumes e decidi fazer minha própria avaliação, já que em vários sites ninguém fez.

A primeira crítica que eu tenho é por terem lançado a “Bíblia em Mangá” em 2 volumes, ao contrário da versão em inglês, de volume único. No caso brasileiro, deveria-se chamar “Velho” ou “Novo Testamento em Mangá”, por não ser a “Bíblia” completa.

Ontem li o mangá do Velho Testemento. E minha análise específica do volume segue abaixo.

A história é bem adaptada, resumida e bem contada, alternando algumas histórias paralelas ao longo da principal. Por exemplo: a criação, a vida dos patriarcas e a saída do Egito são postas como Moisés narrando esses relatos às crianças no deserto, como se ele fosse um professor de EBD ensinando isto durante o Êxodo. Achei uma bela sacada dos autores. E, lá na frente, o fluxo da história principal é suspenso para contar sobre Jó e Rute.

Teologicamente, não vi problema algum – recomendadíssima.

Tem todos os livros da Bíblia resumidos? Não. Seria demais querer isto num volume fininho e em menos de 150 páginas (reparem que o livro tem pouco mais de 150). Além da narrativa, há extras como biografias dos autores e entrevistas com eles, o que é interessante para o leitor e amante de mangás.

Ah, mas tem os livros de Tobias, Judite e Macabeus? Não, não tem. A história leva em conta o cânon de 39 livros, adotado pelos judeus e pelas igrejas protestantes, e pela própria Igreja Católica Romana antes da Contra-Reforma. Como dito acima, a história é resumida e não contempla todos os livros, apenas o essencial da história. Tchau, Ester!

O traço do autor é veloz, energético e, por vezes, caricato ou sensível, dependendo da gravidade ou leveza do relato. E a história é apresentada de forma dinâmica. Além do mais, são incluídas referências para o caso de você sentir curiosidade de acompanhar a história na Bíblia – muito bom!

Como ninguém é perfeito, aqui vão as falhascom relação à versão bíblica base adotada... Embora os dados bibliográficos do livro mencionem a “Nova Versão Internacional para o Dia de Hoje”, edição de 2004, esta versão simplesmente não existe em português! Os dados do livro em inglês referem-se mesmo à “Today’s New International Version” da Sociedade Bíblica Internacional, mas não existe equivalente em português. Ou seja, traduziram os dados bibliográficos tais e quais, mas não tiveram o cuidado de utilizarem-se de uma versão corrente em português, que, no caso, obviamente, apontaria para a NVI.

O que fica claro é que não devem ter usado versão alguma, mesmo constando lá que sim, a julgar pelos muitos erros de concordância que o texto apresenta e pelos enfadonhos “vós” e “tus”, que aparecem constantemente com conjugações erradas, os quais, raramente, aparecem numa NVI. Isto revela falta de cuidado com a revisão de uma obra tão importante.

Eu sou intolerante com erros de português, mas o texto tinha tantos lapsos de concordância que eu cansava de ler. Às vezes eu queria encostar o livro num canto para respirar e contar até 10. Errar é humano, mas santa paciência!

Trecho da história de Moisés. Clique para ampliar.
Sugestões? Adotassem, de fato, uma versão bíblica. E fizessem uma revisão pesada e detalhada no texto para uma segunda edição – considerando o teor de “Bíblia”, a referência a uma versão hipoteticamente existente e moderna, e a contribuição com os leitores em fase de alfabetização (aprendi muito português com HQs da Turma da Mônica e da Disney, daí minha inquietação). A propósito, seria até melhor o mangá seguir a linguagem corrente da NVI e usar mais “você(s)” ao invés de “tu/vós”, porque a concordância é mais fácil e é muito usada pelos brasileiros.

Outros lapsos compreendem a confusão com alguns nomes e traduções. A cidade de “Midiã” é chamada de “Mídia”, e o pior que às vezes isso está até em negrito. Mas no mapa está correto. Isso gera certa discrepância entre o mapa e a fala de Moisés. Além disso, o mapa da página 146 tem uma frase não traduzida: “Ezra and Hehemiah’s returning exiles” (“A viagem de retorno de Esdras e Neemias”, em tradução livre).

Bom, críticas à parte, eu gostei da iniciativa de traduzirem "The Mangá Bible" para o português, como já disse. Recomendo-a a todos aqueles que gostam de HQs e da Bíblia. E para este volume eu dou uma nota 8. Os desenhos são muito legais, inclusive os mapas. Eu fiquei até pensando... E se saísse uma versão de “A Bíblia em Mangá” completa (como na versão em inglês), ampliada, com as devidas correções, colorida e em papel e encadernação de luxo? Ficaria mais-que-perfeita. (Só faltaria sonhar com a Bíblia em anime. E se esta já existir, e alguém souber, por favor me conte!)

Estou sendo honesto na minha apreciação, e enviando, por e-mail, uma cópia dela aos responsáveis. Pois creio que toda editora deseja melhorar suas publicações visando, também, à satisfação do leitor. Em breve publicarei a resenha referente ao volume do Novo Testamento.
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* Mangá -- estilo oriental de histórias em quadrinhos, em que os personagens têm olhos grandes e expressivos, cabelos estilosos e aparecem em histórias de vários tipos, como dramáticas, de ação, policiais, fantásticas...)

Dados gerais da obra:
A Bíblia em Mangá – O Velho Testamento
Editora: JBC
Autor: AJINBAYO AKINSIKU & AKIN AKINSIKU
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 168
Acabamento: Brochura

7 de maio de 2011

Unção do Leão, a Revolução

Aproveitando a ocasião, acabamos de completar 2 anos de Não, Obrigado!, e somos muito gratos por sua visita e seus comentários.


Que Deus os abençoe sempre!

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4 de maio de 2011

Porque podemos ter certeza da salvação


Os estudiosos dizem que a Carta de Paulo aos Romanos é a cordilheira do Himalaia de toda a revelação bíblica. Se Romanos é a cordilheira do Himalaia, então, Romanos 8 é o pico do Everest. Em Romanos 8.29,30 Paulo faz cinco afirmações gloriosas, que são o fundamento da certeza da nossa salvação.

1. Deus nos conhece de antemão (Rm 8.29). Antes de Deus lançar os fundamentos da terra, acender as estrelas no firmamento e chamar à existência as coisas que não existiam, Deus já havia colocado o seu amor em nós, e nos conhecido como seu povo amado. O verbo conhecer tem o mesmo significado de “amar”. O amor de Deus é eterno, imutável e incondicional. Ele nos amou em Cristo, seu Filho amado, desde toda a eternidade.
2. Deus nos predestina para a salvação (Rm 8.30). Não fomos nós que escolhemos a Deus, foi ele quem nos escolheu. Nós amamos a Deus porque ele nos amou primeiro. Deus nos predestinou não porque previu que iríamos crer em Cristo, cremos em Cristo porque ele nos predestinou. A fé não é causa da eleição divina, é sua consequência. Eu não fui eleito porque cri, eu cri porque fui eleito. Deus não nos predestinou porque previu que iríamos ser santos. Nós fomos eleitos não por causa da santidade, mas para sermos santos e irrepreensíveis. A santidade não é a causa da eleição, mas seu resultado. Deus não nos elegeu para a salvação porque previu nossas boas obras, mas fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras. As boas obras não são a causa da predestinação, mas sua consequência. A nossa salvação é obra exclusiva de Deus para que toda a glória pertença a Deus.
3. Deus nos chama com santa vocação (Rm 8.30). Aqueles a quem Deus conhece e predestina, a esses também Deus chama e chama eficazmente. Há dois chamados: um externo e outro interno; um geral e outro específicio; um dirigido aos ouvidos e outro dirigido ao coração. Jesus diz que as suas ovelhas ouvem a sua voz e o seguem. A voz de Deus é poderosa. Os eleitos de Deus podem até resistir a essa voz temporariamente, mas não finalmente. O mesmo Deus que nos elege na eternidade, tira as vendas dos nossos olhos, o tampão dos nossos ouvidos, retira o nosso coração de pedra e nos dá um coração de carne. Ele mesmo opera em nós o querer e o realizar, abrindo nosso coração, dando-nos o arrependimento para a vida e a fé salvadora.
4. Deus nos justifica conforme sua graça (Rm 8.30). Aos que Deus conhece, predestina e chama, também justifica. A justificação é um ato e não um processo. Acontece fora de nós, no tribunal de Deus, e não em nós. A justificação não tem graus, todos os que creem em Cristo estão justificados de igual modo diante do tribunal de Deus, por causa do sacrifício substitutivo de Cristo. Aqueles que estão justificados estão quites com a justiça de Deus e com as demandas da lei de Deus. Não pesa sobre eles mais nenhuma condenação. Toda a infinita justiça de Cristo é deposita em sua conta.
5. Deus nos glorifica para a bem-aventurança eterna (Rm 8.30). Aqueles que são amados e predestinados na eternidade e salvos no tempo desfrutarão da bem-aventurança eterna. Embora, a glorificação dos salvos seja um fato futuro, que se dará na segunda vinda de Cristo, na mente de Deus e nos decretos de Deus já é um fato consumado. Aqueles que crêem em Cristo e estão guardados nele têm a garantia do céu. Nada nem ninguém poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo. O apóstolo Paulo diz que aquele que começou a boa obra em nós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus. Que Deus seja louvado por tão grande salvação!
Por Hernandes Dias Lopes
Publicado no Hospital da Alma,via Bereianos.

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