13 de janeiro de 2010

Quando a vida é coisificada



Por Renato Vargens


Eu tenho um grande amigo que trabalha como designer gráfico. Lembro que certa vez, pude presenciá-lo apresentando um dos seus excelentes trabalhos a um de seus clientes. Percebi que ao entregar o material a aquele que o havia contratado, o mesmo, líder de uma igreja crescente, colocou a mão no bolso, retirando de dentro um bolo de dinheiro. Logo após, assinou o recibo, efetuou o pagamento, e sem a menor consideração foi embora não emitindo uma palavra sequer de agradecimento. Após a saída do pastor, perguntei ao meu amigo: Ele não agradeceu pelo trabalho que você fez? Como resposta ouvi: "agradeceu nada. Na verdade, eu estou acostumado a este tipo de atitude, até porque, pessoas assim se relacionam com as outras como se prostitutas fossem, ou seja, pagam pelo serviço e vão embora."


Caro leitor, neste tempo pós-moderno onde o hedonismo é filosofia primordial de vida , tornou-se absolutamente comum vislumbrarmos nas relações interpessoais a instrumentalização da vida. Infelizmente, em nome do desejo da conquista, não são poucos aqueles que têm tomado posse do famoso bordão popular: “fazemos qualquer negócio”. A conseqüência direta disso é a coisificação do ser humano, onde pessoas tornam-se objetos descartáveis, prontas a serem jogadas no lixo quando por algum motivo não prestam mais.


No evangelho de Marcos, capitulo oito, Jesus trata de um assunto extremamente interessante. O texto diz, que ao curar um cego, a primeira imagem vista por este, era de homens como árvores. Paul Hiebert, diz que temos a tendência de ver pessoas que não são parte do nosso contexto social imediato como parte da paisagem, ou um pedaço de mobília. Por acaso você já se deu conta de que temos uma enorme facilidade de coisificar a vida? Isto é, se por algum motivo achamos que algumas destas pessoas as quais nos cercam não nos servem mais, sem titubear as descartamos no lixo da existência. Jesus, ao perceber que o cego enxergava pessoas como arvores, não hesitou em tocá-la novamente até que de fato o milagre acontecesse.


Lembre-se, pessoas não são arvores, ou objetos aos quais usamos e jogamos fora. Pessoas precisam ser amadas, respeitadas e nunca instrumentalizadas. De que forma voce as têm enxergado?


Pense nisso!


Também publicado no Genizah e no Blog do autor.

Um comentário:

Lorena Nogueira disse...

Isso me faz refletir...
Nas boas maneiras...
Um simples "obrigada","bom dia",podem fazer toda a diferença e reflete um pouco do seu cuidado com outro.

Abraço!

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