9 de dezembro de 2011

Triste Futuro Presente

[ESCLARECIMENTO: O texto abaixo é um desabafo antigo, repescado dos tempos em que eu debatia nas comunidades do Orkut. Naquela vitusta época, eu me encontrava triste porque, sendo cristão, eu deveria ficar calado diante de irmãos extremamente amorosos e gentis, em nada fãs de bandas e de pastores de TV góspeis; irmãos justíssimos e esclarecidos, que estavam acima e além de qualquer comprometimento doutrinário ou idelógico, que apoiavam líderes que obravam coisas, digamos... "exóticas" dizendo estar "pregando o evangelho", diferente do que faziam Jesus, os apóstolos, os missionários e evangelistas de todos os tempos. 

Eu deveria mesmo ficar calado. Exceto se eu quisesse ser censurado pelos digníssimos irmãos que não julgam ninguém (ninguém que seja famoso e que esteja num palco ou num púlpito, enriquecendo em detrimento dos seus apoiadores e pregando coisas que eram agradáveis e vistosas a estes). Porque ver o evangelho sendo vituperado em público por pessoas que fazem parecer a neófitos e ignorantes que Deus quer que saiamos imitando animais quadrúpedes e irracionais, fazendo coisas sem proveito de edificação para o corpo de Cristo, derramando alimentos nas calçadas e sujando ruas de mel e leite seria justamente o que Jesus queria que fizéssemos, não é?

Bom, então, como essas coisas não acontecem mais na igreja de Cristo e, por isso, não nos fazem mais passar vergonha diante do mundo incrédulo, deixo-vos com o desabafo por razões históricas, já que os tempos agora são outros e que essas letras perderam a razão de ser:] 

O mundo gospel merece - com toda certeza - o nosso aplauso de pé, nossa admiração sincera e sublime reverência pela qualidade "animal" com que apresenta o nosso Salvador às pessoas que ainda não o conhecem.

Antes Jesus era nosso pastor e amigo; hoje ele é o nosso escravo, que faz tudo que queremos (Não, não pensem que é exagero meu! Eu já vi em momentos de oração pessoas tratando Deus pior do que se trata um animal, esquecendo-se de quem é o dono de quem).

Antes éramos conhecidos por sermos diferentes do mundo; hoje, nosso impacto é de ser as nulidades a quem os "pastores" enganam e roubam, burras a ponto de defender quem nos extorque e explora, gente sem identidade e relevância, apenas uma cifra nas estatísticas do IBGE que nada representa para a mudança desse país.

Antes artista cristão vivia, mormente, de ofertas voluntárias, servia ao corpo de Cristo, cantando a palavra de Deus, e edificando com seu exemplo simples; hoje, são ricos empresários que criam uma marca, enriquecem com toda uma sofisticada linha de produtos, e constróem um nome em cima de programas de TV e contratos com gravadoras, as quais lhes impõem como devem ser, vestir, fazer e o que falar, tudo sob os ditames do mercado consumidor - são meros apetrechos a serviço de "emprejas" que querem alavancar sua arrecadação de dízimos, inflar seu quadro de membros e fortalecer o impacto de sua marca institucional -- isso quando não são mercenários.

Antes a Bíblia alertava que viria a "apostasia"; hoje isso foi deixado de lado, e temos "profetas" por aí alardeando novidades e que estamos vivendo uma "renovação apostólica", um "avivamento profético", onde o que vemos, na verdade, são pomposos líderes dando à igreja testemunho uns das supostas "autoridades" dos outros, outorgando-se altos títulos, mas sem ter a mínima noção do que seja um rebanho, um ministério e seguir a Cristo, sem conhecer de fato quais são as marcas de um apostolado, de um discipulado, e da grandeza de ser servo de todos, como Cristo nos mostrou em seu ministério terreno.

Antes as ovelhas conheciam o pastor, e este as conhecia todas, existia um relacionamento contínuo  e dedicado, comunhão de vida; hoje, as ovelhas nem sabem quem realmente são seus pastores, que nem sabem quem são suas ovelhas... ou fregueses, contribintes, usuários, fãs, público... Hoje existe a figura do "pastor-conferencista", que peregrina de igreja em igreja, levando pregações e palestras pontuais sobre um tema específico (e, dependendo da figura, sobre coisa alguma), sem  se dedicar ao cuidado de um rebanho específico. Se pastor é quem cuida de um rebanho que lhe foi confiado pelo Senhor, alimentando-o, protegendo-o, investindo sua vida e seu tempo no crescimento e bem-estar dele (sendo este um excelente ministério, conforme as Escrituras), pelo menos no meu entender, pastor-conferencista é apenas "conferencista", não "pastor".

Antes a Bíblia dizia que nos últimos dias os jovens teriam visões e alertava para os falsos mestres que surgiriam de dentro da igreja para devorar o rebanho sem dó; hoje a igreja só lembra da primeira dessas profecias, convenientemente. E o pior é que parece viver muito bem ignorando isso, ignorando tudo. E acolhendo somente o que sustenta a base de sua zona de conforto. Como é ruim ter amnésia e ser cego ao mesmo tempo! 

[Atualizado e modificado na mesma data.]

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