Para entender o texto, você terá que ler a primeira parte de "Cantorino", publicada dias atrás. : )
...
O pastor estava arrasado: preocupado porque os membros ameaçaram passar o Natal em outra igreja ou viajar – houve quem inventasse até “retiro de Natal” para faltar no dia da cantata de Cantorino. Foi um desespero pastoral, um salve-se quem puder eclesiástico.
Mas a gente é de Deus, né? A gente não vai deixar o irmão sozinho só porque ele canta "terrivelmente horrível"! É nessas horas que a gente se analisa: eu canto mal e não tenho a coragem dele. Ele tem coragem, e, por arriscar, ele está coberto de razão, porque vai com a maior pureza de intenções louvar ao Senhor...
Chegando o dia, a congregação quedava aflita, paralisada. Para tentar salvar a noite, quer dizer, os ouvidos da congregação, levantou-se um dos diáconos:
"Irmãos, eu gostaria de agradecer a Deus por muitas coisas que aconteceram este ano dando um breve testemunho". E logo após a congregação começou a fazer o mesmo, pois, um por um, os irmãos se sucediam indo ao microfone partilhar as bênçãos. O que antes começou como uma maneira de não ser fulminados pela cantata desafinada - motivo pouco nobre - levou os irmãos a uma mudança de atitude e um sincero louvor.
Cantorino se emocionou com o ocorrido, pois nada lhe deixava mais contente que ver o nome de Deus engrandecido. Em lágrimas, agradeceu pela vida dos irmãos, que também se comoveram com a espontaneidade daquele que antes era visto como uma piada pronta, apenas porque cantava mal. Tocado e com voz trêmula, ele não pôde mais cantar, e desistiu da cantata. Mas não havia problema para ele, o objetivo de estar lá havia sido alcançado, a glória de Deus. ...Também a meia-noite se aproximava e algumas tripas já estavam roncando demais, esperando a Ceia.
Por fim, os irmãos não quiseram estragar o Natal de Cantorino, ele não merecia. E, depois de algum burburinho nos bancos de trás, decidiram dar-lhe um presente: investir num dos dons do irmão, pagando para ele um curso de canto e música. E assim, todos terminaram felizes.
Nossos irmãos hipotéticos aprenderam como agir bem diante de coisas boas mas que nos deixam desconfortáveis, como ser cristãos, como ser humildes e como reconhecer grandes coisas que não estão tão óbvias na simplicidade.
"O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor." - Lucas 2.10-11
O Natal está chegando. E muitas pessoas, contentes com seus modernos presentes comprados em doze módicas prestações na Insinuante ou nas Casas Bahia, ou, mais chique ainda, na Submarino ou nas Americanas.com, nem vão lembrar de como Deus, sendo tão majestoso, lhes enviou o seu presente mais sublime na embalagem mais simples e austera.
Deus nos amou. Ele nos deu seu Filho, o qual, tendo nascido como um frágil bebê numa estrebaria, foi encontrado por pobres pastores de ovelhas deitado no mesmo local onde se punha comida para os cavalos comerem e os bois babarem; envolto em panos, esperado e amado por um pobre casal de judeus e por tantos que ansiavam a esperança de Israel.
O Grande Rei nasceu num berço de palha, mas traz em suas mãos o preço mais alto já pago, e o melhor dos presentes de Deus: a vida eterna... a nossa volta à casa do Pai, como filhos amados, em seus braços.
[Muito] Feliz Natal [mesmo]!
Nenhum comentário:
Postar um comentário