28 de janeiro de 2010

Louvorcídio



Tente imaginar um grupo de pessoas com vozes e técnica de canto belíssimas e harmoniosas, que cantam músicas que falam do amor de Deus por nós, da mansidão de Jesus Cristo, da maravilha da criação etc., todavia com expressões que parecem refletir a chateação com o valor da conta de luz, a preocupação com a mensalidade atrasada da escola, o incômodo com o sapato apertando, o tédio de um programa de índio, a indignação com a impunidade e corrupção do país, o pavor de quem está se escondendo atrás de uma lata de lixo, testemunhando o assassinato de um indefeso a pauladas e machadadas por um grupo de marginais, ou, ainda, o desespero desta vítima que luta para não morrer.



Acredite, eu já vi coral louvando assim. Quase corri para socorrê-lo, mas tive medo de ser assassinado junto com a música que eles estavam matando por acidente




Estou escrevendo isto porque não tenho condições de mandar instalar espelhos para que os corais eclesiásticos possam se ver cantando. Acho que prestar atenção nas letras que estão cantando poderá ajudá-los.


Medo.

23 de janeiro de 2010

Pastores e suas Denominações

Por Pr. Valney Veras
Publicado no blog Verbum Testimonii


Você já observou a quantidade de denominações e igrejas de “fundo de quintal” que têm surgido em nosso país? Parece que nunca ninguém está satisfeito com a doutrina ou prática de sua denominação. E, também, percebe-se que cada um é mais esperto, espiritual ou preparado do que o outro. Quantos pastores, ou supostos pastores, estão reinventando a “roda”? Parece que nestes dois mil anos de cristianismo ninguém acertou no fazer igreja, somente aquele irmão que decidiu sair de sua igreja para fundar a igreja perfeita e ideal aos SEUS próprios olhos.



As igrejas emergentes começaram assim. Pessoas de certa capacidade da igreja, geralmente empresários, comerciantes, ou administradores e gestores viram que poderiam fazer a igreja crescer mais. Pensaram: “Afinal, esse negócio de doutrina fria e sem graça mata a igreja”. Com certeza não lêem a Bíblia. Estes vão se ver com Timóteo (2 Tm 4.3), com Tito (Tt 2.1) e com o Deus deles! O resultado foi uma Igreja Empresa, que tem como meta vender um produto para seus consumidores: os fiéis pecadores.


Por que tantos homens e mulheres têm almejado sua própria denominação? O pecado da soberba está cada vez mais presente no coração dos líderes religiosos. Cada qual quer criar A IGREJA. Não me esqueço de um evento que ocorreu comigo no seminário. No meu primeiro semestre, fiquei aterrorizado com a abordagem de um colega meio estilo frankenstein. Estava eu lavando roupa na pia da lavanderia, quando ele chegou do meu lado, e do nada me surpreendeu dizendo: “Eu não vim aqui para ser um pregador, mas para ser O PREGADOR!!!” Logo em seguida retirou-se. O tempo passou, eu me tornei pastor, e recebi notícias do meu colega estranho. Soube que ele foi rejeitado no púlpito pelo seu pastor, foi dispensado pelos jovens e expugnado pelos adolescentes. Até que uma criança puxou a calça do pastor da igreja e disse: “Fulano não pastor, o Fulano não!!!”


Muitos querem ser O PREGADOR, ou às vezes O ORÁCULO, poucos querem, somente, ser servos. Jesus falou sobre isso aos seus discípulos: “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo” (Mt 20:26-27). Realmente não me coloco na posição de juiz que detém a verdade completa, mas, segundo impressões pessoais, entendo que o Senhor Jesus Cristo não espera um empreendimento físico tão grande quanto deva ser o espiritual. Por físico, me refiro ao patrimônio e alvos perseguidos pelas mais variadas denominações evangélicas que carregam o nome de cristãs.


Homens desempregados, frustrados, empresários em busca de um novo nicho de negócios, ou pastores com uma perspectiva de crescimento de igreja errada têm buscado sua própria denominação. Como se já não existissem demais. Não é necessário reinventar a igreja; até porque ela em sua constituição neotestamentária é simples, o nosso pecado foi que perverteu tudo.


O prejuízo desta avalanche de denominações recai sobre a pregação do Evangelho. Quantos vão saber entender esta guerra de denominações, como se fossem lojas na busca de clientes, em uma competição frenética por lucros e resultados? Obviamente não dá para reverter esse processo, mas é possível refreá-lo. As igrejas e os pastores conscientes da missão de expansão do Reino de Deus na Terra podem não mais multiplicar as denominações, e, sim, centrar-se em multiplicar igrejas de crentes.


A igreja é o laboratório de Deus para o treinamento dos cristãos. Estes devem aperfeiçoar seu amor pelo mundo. A igreja é o corpo de Cristo, não é somente um negócio ou hobby. Costumeiramente, as pessoas que saem de igrejas tradicionais, conservadoras e bíblicas, enveredam-se pela idéia de criar a IGREJA IDEAL. Como se muitos outros não o tivessem feito. O ideal de amar a Deus e ao aproximo no convívio da igreja foi substituído pela ânsia do crescimento numérico, e pelo ideal pragmático da religião que é o sucesso imediatista.


Esta reflexão visa equilibrar a tendência pós-moderna do “crescimento de igreja” e de denominações no nosso país. É melhor fortalecer aquilo que já temos, do que criar novas instituições. No entanto, sempre existe o outro lado. Não quero ser incoerente, ou indeciso, mas é importante reconhecer a necessidade de uma igreja contextualizada, a fim de atingir a sociedade com a mensagem do evangelho. Quem lê não entenda “contextualizada” como secularizada ou mundanizada, mas, sim, uma igreja com uma linguagem acessível às categorias de comunicação vigentes. Sem obviamente rejeitar os preceitos bíblicos.

18 de janeiro de 2010

Aversão

Certo dia, eu estava de passeio pelo centro e passei num sebo. Percorria os livros velhos com o olhar meio desinteressado, preguiçosamente. De súbito, desinteressaram-me os decrépitos volumes empilhados por toda parte: um homem conversava com o vendedor de livros sobre algo que me deixou curioso: versões bíblicas.

O tal homem, que parecia mais um louco, um fanático, tinha uma aparência peculiar, um sotaque de outro estado e uma mala com um conteúdo que destoava de sua imagem: a Bíblia Almeida Corrigida e Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, em vários formatos, tamanhos e cores.


Do que tagarelava (porque o pobre livreiro não parecia interessado no sermão e tampouco parecia entender bulhufas), algo me deixou realmente estarrecido: o palestrante afirmou em alta voz, gesticulando furiosamente em direção à estante de Bíblias velhas: "Todas essas Bíblias aí são do demônio! Estão erradas, distorcidas, mutiladas! São todas do diabo! Todas elas são cheias de heresias e não merecem confiança alguma! ...Mas esta aqui é a única verdadeira..."

Pensei com aflição, assombrado: "Meu Deus do céu! O que esse homem pensa fazer? Será que não percebe que está minando as fundações para a fé de uma pessoa que ele nem sequer sabe se é crente ou se pode vir a tornar-se? E a troco de quê? O que esse homem pensará doravante ao ver uma Bíblia se der ouvidos ao que esse lunático está falando?"

Depois do "show", ele foi embora, deixando o rapaz assustado. Mas eu só saí de lá depois de conversar e tentar desfazer o grande equívoco que o "vendedor de Bíblias" apresentou irresponsavelmente ao rapaz do sebo.

Estava óbvio que o ambulante não vinha em nome da Sociedade Bíblica, que é uma entidade séria, e ele nem tentou se apresentar como tal. Mas eu imagino o dano que tal pessoa, se ainda estiver "em serviço" por aí, possa estar causando à imagem da editora, da igreja de Cristo, da Bíblia e do próprio cristianismo aonde chega: danos talvez irreparáveis!

Felizmente, o balconista, tendo visto o desequilíbrio de tal sujeito, não levou a sério o conteúdo de suas palavras. E eu pedi desculpas até por eu existir, tamanha não foi a vergonha alheia que senti de presenciar tal atitude por parte de uma pessoa que se diz "crente" diante de desconhecidos. Que desserviço para o reino de Deus! Que papelão!

Tentando infamar algumas versões bíblicas e vender o conteúdo de sua valise para ganhar uns trocados, o louco perdeu uma bela oportunidade de falar de algo bem mais urgente: do evangelho. Pois se todos precisamos do evangelho e Cristo nos mandou pregá-lo, nunca vamos fazê-lo para a pessoa errada.

Ele jogou ao léu um momento precioso de contar a alguém do Cristo, que sofreu e morreu por amor àquele livreiro, pelos pecados dele, para que ele pudesse encontrar o perdão, o amor e a paz com Deus na pessoa de Jesus Cristo.

Fiquei ainda mais triste quando relatei esse incidente a um irmão que morou nos Estados Unidos. Ele mencionou que, por causa da polêmicas sobre versões, igrejas chegaram a cortar o sustento de missionários que estavam pregando o evangelho de Jesus Cristo em outros países, unicamente pelo fato de que eles estavam usando uma versão diferente!

Não quero aqui entrar na polêmica de versões e traduções, apesar de eu ter uma opinião a respeito desse assunto, porque não é o objetivo do post. Escrevo estas linhas com um questionamento:

Quantas almas ainda teremos que perder e arriscar perder irresponsavelmente para que façamos prevalecer nossa predileção por uma tradução, ou por outra opinião sobre um assunto qualquer, ao invés de pregarmos o evangelho para quem precisa ouvir do Salvador?

A palavra de Deus é inspirada por ele e jamais passará. É ela que nos apresenta a vontade de Deus, que exige que deixemos nossos pecados e creiamos apenas em Jesus Cristo para sermos salvos. É por meio dela que sabemos, com certeza, que não há salvação em nenhum outro (João 1.12; 3.16; 5.24; 14.6; Atos 4.12 ...) e que não podemos ser salvos por nossas obras de bondade (Efésios 2.8-10), que devemos entregar nossas vidas ao fiel Senhor, que tem poder para nos guardar de todo o mal.

A palavra de Deus jamais se perderá ou deixará de cumprir seu propósito. Deveríamos crer mais nisso e anunciar a salvação para que o mundo inteiro também possa crer.

13 de janeiro de 2010

Quando a vida é coisificada



Por Renato Vargens


Eu tenho um grande amigo que trabalha como designer gráfico. Lembro que certa vez, pude presenciá-lo apresentando um dos seus excelentes trabalhos a um de seus clientes. Percebi que ao entregar o material a aquele que o havia contratado, o mesmo, líder de uma igreja crescente, colocou a mão no bolso, retirando de dentro um bolo de dinheiro. Logo após, assinou o recibo, efetuou o pagamento, e sem a menor consideração foi embora não emitindo uma palavra sequer de agradecimento. Após a saída do pastor, perguntei ao meu amigo: Ele não agradeceu pelo trabalho que você fez? Como resposta ouvi: "agradeceu nada. Na verdade, eu estou acostumado a este tipo de atitude, até porque, pessoas assim se relacionam com as outras como se prostitutas fossem, ou seja, pagam pelo serviço e vão embora."


Caro leitor, neste tempo pós-moderno onde o hedonismo é filosofia primordial de vida , tornou-se absolutamente comum vislumbrarmos nas relações interpessoais a instrumentalização da vida. Infelizmente, em nome do desejo da conquista, não são poucos aqueles que têm tomado posse do famoso bordão popular: “fazemos qualquer negócio”. A conseqüência direta disso é a coisificação do ser humano, onde pessoas tornam-se objetos descartáveis, prontas a serem jogadas no lixo quando por algum motivo não prestam mais.


No evangelho de Marcos, capitulo oito, Jesus trata de um assunto extremamente interessante. O texto diz, que ao curar um cego, a primeira imagem vista por este, era de homens como árvores. Paul Hiebert, diz que temos a tendência de ver pessoas que não são parte do nosso contexto social imediato como parte da paisagem, ou um pedaço de mobília. Por acaso você já se deu conta de que temos uma enorme facilidade de coisificar a vida? Isto é, se por algum motivo achamos que algumas destas pessoas as quais nos cercam não nos servem mais, sem titubear as descartamos no lixo da existência. Jesus, ao perceber que o cego enxergava pessoas como arvores, não hesitou em tocá-la novamente até que de fato o milagre acontecesse.


Lembre-se, pessoas não são arvores, ou objetos aos quais usamos e jogamos fora. Pessoas precisam ser amadas, respeitadas e nunca instrumentalizadas. De que forma voce as têm enxergado?


Pense nisso!


Também publicado no Genizah e no Blog do autor.

8 de janeiro de 2010

Teologia Estepe e Teste Vocacional

Hoje eu estava pensando em vocação. Vocação significa chamado, e é coisa séria. Principalmente quando falamos de uma vocação divina, quando Deus nos chama de alguma forma para algum ministério, lugar, profissão etc.


Muita gente que eu conheço já passou dos 20 e não sabe o que quer da vida. Alguns passaram dos 30. Alguns, talvez, morram sem saber. Outros recusam-se a morrer sem descobrir a que vieram, e, para estes, existem os testes vocacionais, questionários de perguntas óbvias, que levam a conclusões pouco satisfatórias e que permitem que você saiba o resultado enquanto está respondendo. Ex:

1. Você prefere visitar o Museu da Língua Portuguesa ou ficar em casa preparando uma buchada?
2. Você prefere ver um clipe de Cyndi Lauper ou percorrer uma trilha ecológica?
3. O que você gostaria de ganhar de seus pais: um animal ou uma luneta?...

Depois que você "descobre" que gosta de música, idiomas e animais, surge a dificuldade cruel em saber se você vai alfabetizar macacos, criar um coral de papagaios ou virar cantor de fado ou de música sertaneja. Daí você volta para a primeira categoria: os que provavelmente vão morrer trabalhando insatisfeitos e se acostumarem com o que fazem porque paga razoável e fingindo que se encontrou. É a vida! Mas quem sabe você não encontra uma paixão pelo que faz e segue em frente?


Como se reconhece um chamado? Isso é muito subjetivo, o que torna as conversas sobre o tema muito mais interessantes. Já conversei com muitos profissionais a respeito de por que eles fazem o que fazem ou são o que são hoje em termos de profissão, ofício, ministério, etc. e se sentem felizes; e sobre como descobriram que era isso que eles queriam fazer, e as respostas são muito diferentes. O segredo, no entanto, parece ser, na maioria dos casos, na base da tentativa e erro.


Há pessoas que têm uma determinada formação e exercem uma atividade totalmente distinta, e com paixão, como alguém que conheço que é formado em Psicologia e ensina História, outro que largou a faculdade de Medicina, contrariando toda a família, para ser pastor, e outros que se formaram em algum curso e têm atividades no Judiciário e em outras repartições públicas. Tive um professor, que é Promotor de Justiça, que fez três faculdades até descobrir o que realmente queria ser: ele lutou por isso e chegou lá. E vi uma mulher que foi para a área de Biologia estudar micróbios por causa dos problemas de flatulência que tinha.


Outras pessoas são peculiares: parece que nasceram para o que fazem, têm certeza disso, começam e vão até o fim. Isso me parece raro, admirável. Mas acho que não conheço ninguém assim.


Conversando com seminaristas e pastores, já ouvi várias histórias de como se sentiram chamados para a obra de Deus, para chamados pastorais, missonários, ministeriais... Nesses papos, lembro-me de um trecho engraçado:


- Beltrano, às vezes as pessoas me perguntam por que não sou pastor ou advogado; ou por que, pelo menos, eu não quis fazer seminário, apesar de já ter sido convidado e ter ouvido muitas sugestões nesse sentido. Eu não quero advocacia ou pastorado para mim, acho duas coisas muito bonitas e admiro muito quem exerce esses ofícios com honestidade, e vivem deles, mas, sinceramente, não vejo como coisas para mim, não combinam comigo, não me atraem. E você, como foi que descobriu sua vocação?


- Eu estava estudando para o vestibular de uma faculdade, para um curso de nível superior, e orei assim: “Senhor, se eu não passar no vestibular, eu vou entender que está me chamando para estudar Teologia”.


Como?! Teologia e seminário são uma espécie de “estepe” para vestibulandos fracassados? Uma coisa assim... “Deus, se eu não prestar pra mais nada nessa vida e estiver inteiramente convencido disso, eu vou ser pastor?”. Pastorado é um “seguro-desemprego”? Ao ouvir isso, é difícil conter a gargalhada, tanto que quem me disse isso, disse rindo. E tenho certeza de que, por mais esquisito que pareça, ele está no lugar certo. E tem gente que, além de pôr a Teologia como plano B, ainda pede para Deus abençoar e passar no vestibular para o plano A – e pede oração a toda a igreja. Nessa hipótese, confesso que nem sei se devo orar para que passe no vestibular, já que põe o seminário como uma ideia pouco desejável!


Não descarto de que muitos chamados genuínos acontecem assim, como “planos B”. (Mas não deixa de ser hilário!) Até por que um cara muito corajoso (e muito mole), rezou, séculos atrás, rogando que se fosse salvo da tempestade que desabava sobre ele, entregaria-se à vida eclesástica... Foi o cara que depois pregou as 95 Teses na porta de sua igreja e fez explodir a Reforma Protestante. E podemos negar, apesar de engraçado, e da aparente (in)disposição de ir, que ele foi um vocacionado por Deus como muitos que estão por aí abençoando vidas?


Professor, advogado, palhaço, vendedor ambulante, policial, comerciante, chapeado, pastor ou o que for, seja sempre dedicado. E seja sempre uma bênção. Como cristão, ainda que você não saiba o que quer fazer na vida, tenha em mente:


“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. – 2Pe 2. 9-12

4 de janeiro de 2010

A Intimidade e o Sinal Amarelo - Parte 2

Há no meio evangélico um movimento de pretensa “intimidade” que por vezes me deixa de cabelo em pé por sua irreverência, imaturidade e insensibilidade na adoração e comunhão. Comportamentos excêntricos, distorções de expressões e ensinos bíblicos que levam a práticas libertinas, músicas com conotações sexuais tratando Deus como esposo nosso e nós como sua noiva...



Mas o que há de mal nisso? Simples, por exemplo: Deus nos trata (indivíduos) como filhos, amigos e servos, jamais como cônjuge. Jesus não nos trata como suas “esposas”, “noivas”, “amantes”, e isso é de longe suficiente para entendermos a forma como Deus nos ama, pois Jesus é a perfeita expressão do Pai, e nele não encontramos ecos dessa erotização da adoração que vem sendo popularizada por certos cantores e compositores gospel.

Então, eu vejo essa “conjugização” de Deus por parte de indivíduos como ultrapassar o sinal amarelo, exibicionismo de “espiritualidade” e falta de reverência (para não falar que o objetivo de algumas dessas músicas é, simplesmente, que sejam tocadas em rádios seculares, porque por vezes você não distingue se o cantor fala de Deus ou de sua namorada). Pois Deus, na Bíblia, trata, figurativamente, como cônjuge:

a) o povo de Israel (uma coletividade);
b) Jerusalém e a Nova Jerusalém (uma cidade, uma coletividade);
c) e a igreja (uma comunidade).

Também merecem menção aqueles “íntimos” que dão ordens a Deus como se ele fosse seu cachorro: “Eu determino que você...”, “Eu decreto que...” ...E Deus é que tem que obedecer aos caprichos deles! Isso não é de modo algum intimidade, isso é irracionalidade e pecado.

E tem aqueles... que agem como se tivessem uma procuração em branco de Deus para entregar profetadas de sua própria vontade, conceder e pregar unções que não existem e negociar pedaços do céu; os que imitam animais como se Deus nos quisesse para bestas e não para seres humanos feitos à sua perfeita imagem; os birrentos e dengosos que veem Deus como o pai babaca que adora ver filhos chorões e imaturos fazendo birra nos corredores dos supermercados ao pedir algo...

Assim, o ideal é que a nossa forma de nos relacionarmos com o Senhor dos Exércitos e o Rei em nossa vida, no nosso culto diário e congregacional, tenham a reverência devida, a sabedoria e a inteligência de sabermos com quem estamos lidando e o que ele espera de nós; mas sem a perda do carinho e do amor pelo nosso Salvador, Amigo e Pai, em quem devemos nos espelhar.

Respeito para quem merece respeito não diminui nossa intimidade, é uma obrigação. E o amor a Deus e ao nosso próximo é sempre devido. Intimidades, porém, são coisas particulares, privadas, e é até bom que permaneçam assim.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...