26 de setembro de 2009

Carpe Diem!

Linda, não é? Modéstia à parte, essa é uma das minhas fotos preferidas. Foi tirada há uns três anos numa cidade pequena do Centro Sul do Cariri cearence chamada Acopiara, onde eu trabalhei durante nove meses. Nem sei o nome dessa flor, mas sei que é de uma planta bem sem graça, mato mesmo. A flor com certeza já não existe, a planta provavelmente já morreu; essa foto é a única coisa que resta. É estranho pensar que coisas tão belas, que parecem significar tanto, são tão efêmeras. Na volta de uma caminhada, por mais curta que seja, o mesmo caminho já não é o mesmo.

Bom, três anos não é muito tempo, mas já parece tão distante... as pessoas, os conversas, as alegrias, as flores... Hoje são mais lembranças do que realidade. Como cristão que sou sei que tudo isso é mesmo passageiro. A vida é mesmo como um ônibus (triste, essa...).

Então, meu amigo, aproveite! Veja tudo que é bonito, durma tarde, se divirta com seus amigos, ame sua mulher, faça sua namorada sorrir... Não digo que você saia como louco, como se o mundo fosse se acabar amanhã (talvez se acabe daqui há 14 anos), mas que você aproveite tudo que Deus te deu, "porque céus e terras passarão" e, no final das contas, só apalavra de Deus permanecerá.

É certo que daqui não levamos nada, então pense nisso tudo como a minha flor aí em cima: não se apegue, eu não pude trazê-la comigo, mas isso não impediu que eu não pudesse desfrutar da beleza dela enquanto pude.

E mais do que tudo que eu escrevi, falam as palavras de
Stênio Marcius numa estrofe de uma de suas lindas canções:

"Corra pelos campos, suba os montes que puder
Mergulhe em todos os riachos do caminho
Escuta e grava o canto deste Bem-te-vi
E bebe todo verde deste teu país
Porque a terra há de passar
E quando a última cigarra
No fim do canto arrebentar
Quando ninguém mais se lembrar
De sua flor, a mais querida
Só a Palavra do Senhor é para sempre.”




24 de setembro de 2009

Vamos fingir que não aconteceu


"Se você acha que educação é cara, experimente a ignorância" - Derek Bok


Há algum tempo, escrevi um post no Orkut entitulado "Enquetes gospel comprovam que somos um fiasco?" Para escrevê-la, eu havia pesquisado comunidades de religião da rede, as mais "populosas", e baseei-me na "Saia do orkut, vá ler a Biblia".

Era uma comunidade com uma intenção até muito boa. Mas apenas a intenção. Lá eu havia procurado enquetes, pois gosto de participar delas e conhecer mais sobre o que as outras pessoas pensam sobre vários assuntos de cunho espiritual.

Ao abrir a primeira enquete, tomei logo um susto: extremamente mal-feita, com opções sem sentido e um português cria de Patropi e Seu Creysson (com eco e tudo!). Seria apenas triste se a tragédia não fosse de arrasar quarteirão: a segunda, a terceira, a quarta enquetes... todas de dar pena!


[Acima: Gato de Botas em luto, segundos antes de cometer um harakiri após o assassinato da Última Flor-do-Lácio]


Eu nem queria fazer piada com a comunidade com o texto original porque o objetivo era mostrar justamente o que vou contar daqui a pouco. Mas agora não estou nem aí: já que eles apagaram as enquetes às quais eu havia me referido e o meu texto postado lá sobre esse assunto - ah, e eu também sou uma pessoa muito má, e estou com sangue nos olhos querendo vingança. ;]

O nível de profundidade, expressão e clareza das enquetes da comunidade em pauta já deve ter descido à camada pré-sal, provavelmente até assitiu às Olimpíadas de Pequim em 2008, o que deve nos fazer preocupados com a situação. Onde nossas igrejas estão errando e o que podemos fazer para corrigirmo-nos?

Ao ver o tópico sobre quantas pessoas já haviam lido a Bíblia toda, qual não foi a minha (ingênua) surpresa: apenas 17% das pessoas haviam lido a Bíblia toda! A comunidade "Saia do orkut, vá ler a Biblia" é um exemplo infeliz de que "em casa de ferreiro espeto é de pau".

Parece que há um certo nexo - com a devida vênia para agir com minha rara misericórdia, usando essa expressão para eufemizar meu nível de confiança no que estou dizendo - entre a falta de capacitação linguística, a falta de leitura bíblica e a ignorância doutrinária em relação ao povo dito de Deus. É um banco de três pernas... quebradas. Eu fiquei alarmado porque isso apenas reflete nosso fiasco.

Mas nem tudo é caos. Conheço pessoas que não sabiam ler que, ao se converterem, passaram a ser leitoras e até memorizadoras das Escrituras, pessoas que sabem muito mais textos decorados que eu - e que são bem mais velhas. Isso mostra que as pessoas que conhecem a Cristo geralmente mudam (e se esforçam por isso), não se acostumam em permanecer como estão, independentemente da idade. Tenho exemplos maravilhosos na igreja de que faço parte.

Na EBD deste domingo estávamos discutindo por que a teologia é tão vítima de preconceito nas nossas igrejas, pois muitos irmãos a menosprezam por achá-la complicada, desnecessária, coisa de intelectual, causadora de arrogância, fria, teórica, distante das nossas vidas, usando o velho e descontextualizado clichê: "a letra mata".

O que vemos na EBD é teologia, conhecimento de Deus para pronta aplicação, conhecer Deus baseando-nos na leitura e reflexão de Sua palavra. "Ainda bem que muitos não sabem disso!"

Um dos meus alunos levantou a importância da exegese (ciência da interpretação) no trato com as Escrituras, cuja ausência tem causado verdadeiros descalabros na igreja e na cristandade. Mas como fica a exegese se o povo não sabe ler? Competência linguística mínima e exegese são essenciais para um correto aprendizado e amadurecimento cristão no conhecimento das Escrituras - porém jamais sem o auxílio indispensável do Espírito Santo, bem como reflexão, um pouco de bom-senso e sinceros devoção a Deus e compromisso com Ele.

Queria que aquela comunidade fosse realmente uma ilusão de ótica, um holograma, uma mancha no meu monitor ou um grande fake do orkut. Simplesmente não consigo, como eles, fingir que isso não aconteceu, não acontece e não dar a mínima importância, cometendo uma pífia queima de arquivo para eliminar o desconforto, empurrando o problema para debaixo do tapete.

20 de setembro de 2009

As sete maravilhas do mundo "evangélico"

Por Ciro Sanches Zibordi

Em julho de 2007, o Cristo Redentor foi eleito uma das sete maravilhas do mundo! O símbolo do Rio de Janeiro, que acolhe a chegada de turistas do mundo todo à chamada cidade maravilhosa, assumiu seu lugar na nova lista de Maravilhas do Mundo ao lado de seis outras obras: a Grande Muralha da China; a cidade helenística de Petra, na Jordânia; a cidade inca de Machu Picchu, no Peru; a pirâmide de Chichen Itzá, no México; o Coliseu, antiga arena de combates em Roma; e o túmulo do Taj Mahal, na Índia.

Mas, você sabia que existem também as sete "maravilhas" do mundo "evangélico", isto é, as que mais fascinam boa parte das pessoas que dizem servir a Deus, na atualidade? Quais são elas?

PROSPERIDADE

Esta, sem dúvida nenhuma, está em primeiro lugar, apesar de o Senhor Jesus ter dito: "Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça..." (Lc 12.13-31). Dizem os super-pregadores e cantores-ídolos: "Muitos criticam quem fala de prosperidade. Mas eu não falo sobre prosperidade; eu vivo prosperidade. Eu não ando mais de fusquinha; tenho tudo do bom e do melhor. Se você quiser ser como eu, passe a ofertar sempre com a maior nota que tiver em sua carteira". Fazer o quê? O povo é manipulável, e muitos líderes não têm coragem de combater esses que mercadejam a Palavra. Mas não se engane. Deus haverá de julgá-los, a menos que se arrependam.

ECUMENISMO

O alvo hoje em dia não é pregar a verdade como ela é, e sim unir forças pelo bem comum. A doutrina divide. Temos de nos unir. Por isso, a cada dia surgem igrejas para todos os gostos... Já existem até igrejas "evangélicas" lideradas por "pastores" que abdicaram do seu chamamento másculo! Sabe qual é o lema deles? "O Senhor é o meu Pastor e me aceita como eu sou". Que "ma-ra-vi-lha", não é mesmo?!

TEOLOGICENTRISMO

O negócio é não abrir mão das convicções teológicas, ainda que elas não tenham apoio da Palavra de Deus! Se Calvino falou, está falado! Ainda que as idéias de algum teólogo sejam contrárias à Palavra de Deus, não importa! Você não acha isso "ma-ra-vi-lho-so"? A Bíblia fica em segundo plano. O que vale é o que os nossos teólogos preferidos dizem!

FARISAÍSMO

Esta "maravilha" também deve estar bem cotada por aqueles que se dizem conservadores, mas são, na verdade, extremistas. Sabemos que ser conservador à luz da Palavra de Deus é correto (Ap 3.11; 2 Tm 1.13; 1 Tm 6.20), porém os pseudo-conservadores apreciam bastante a prática de "coar mosquitos" e "engolir camelos" (Mt 23.24).

ANTROPOCENTRISMO

Canções e falações — tidas como hinos e pregações — da moda colocam o ser humano no centro de todas as coisas. "Determine a sua vitória", "Você nasceu para ser um vencedor", "Profetize para você mesmo e diga isso e aquilo". Estas são algumas das frases preferidas do mundo "evangélico". Não tenho dúvidas de que o humanismo ou antropocentrismo é uma das "maravilhas" daqueles "servos de Deus" que vão aos cultos só para receber, receber, receber... O negócio hoje é buscar a "restituição", invadir o terreno do Inimigo e pegar de volta tudo o que ele roubou, além de quebrar maldições...

EXTRAVAGANCIA

Não há dúvidas de que os shows, com muita dança, diversão, gritos frenéticos, etc, façam parte desta lista de "maravilhas evangélicas". E junto com eles as "baladas" gospel, as festas jesuínas, etc. Mas, como nos dias dos profetas Isaías e Amós, Deus não recebe esse "som dos adoradores extravagantes" (Is 29.13; Am 5.23). John F. MacArthur Jr. disse, acertadamente: "As Escrituras dizem que os primeiros cristãos viraram o mundo de cabeça para baixo (At 17.6). Em nossa geração, o mundo está virando a igreja de cabeça para baixo" (Com Vergonha do Evangelho, Editora Fiel, p.52).

EXPERIENCIALISMO

Numa época em que super-pregadores visitam o "Céu" e falam diretamente com "Deus Pai", "Jesus", "Paulo", "Maria", anjos, etc, ninguém precisa mais ler um livro tão "desatualizado" como a Bíblia, não é? Hoje muitos seguem aos seus impulsos e recebem mensagens "proféticas" de galinhas ou ordem do "Espírito" para andar como um leãozinho, marcam a vinda de Jesus para um sábado de 2007, distribuem dentes de ouro, ministram a unção do riso e o "cair no Espírito"... Que "maravilha"!.
Alguém poderá perguntar: "Em que lugar ficou o evangelho cristocêntrico? E a santificação? E a renúncia? E o culto a Deus em verdadeira adoração, em espírito e em verdade? E os genuínos dons espirituais? E a Escola Bíblica Dominical? E os bons costumes? E a evangelização? E a oração? E o jejum? Será que, pelo menos, entraram na lista?" Bem, como se vê, as "maravilhas" citadas têm um poder de sedução muito maior sobre o mundo "evangélico", e as verdadeiras maravilhas tendem a ser esquecidas...

Mas eu pergunto: Diante dessa flagrante falta de interesse pela Palavra de Deus e da valorização do que não agrada ao Senhor, devemos ficar calados? Devem os servos de Deus, capazes de discernir entre o bem e o mal, ficar quietos? Não podemos julgar? Temos de ficar olhando a banda passar?

***

Extraído de:
ZIBORDI, Ciro. Mais erros que os pregadores devem evitar, CPAD. Via Púlpito Cristão.

15 de setembro de 2009

Uma só fé e vários achocolatados



Minha mãe disse que quando eu era criança eu adorava mingaus. Mas eu não gostava de mingau. Eu gostava de mingaus. Plural.

Segundo ela, eu era altamente enjoado e não comia o mesmo mingau por mais de uma semana. Assim, era comum que houvesse Cremogema, Neston, Arrozina, Farinha Láctea e o que você puder imaginar que existia de mingau nos anos 80. E eu ainda inventava: tinha vezes que eu pedia pra pôr leite condensado e creme de leite para ficar mais gostoso. (Ok, eu era uma criança gordona.)

Hoje em dia, eu diminuí os mingaus, por motivos óbvios. A gordura corporal também. Mas manias velhas são difíceis de mudar, e agora é a vez dos achocolatados.

Eu não sou fiel a uma marca de achocolatado especificamente, embora tenha as minhas favoritas (as que são menos açucaradas e mais saborosas). E sempre que vejo uma marca nova na prateleira, eu levo para experimentar. Daí eu digo que nem todo achocolatado de marca famosa é bom, como nem todo de marca pouco conhecida é ruim.

É comum que eu tenha dois achocolatados abertos no armário, porque tem dias que eu penso: “Toddy é muito ralo e doce, então eu vou pôr Nescau Power no leite... E um pouco de café solúvel”. Tem dias que eu acordo e digo: “Que vontade de tomar Ovomaltine!” Mais tem uma regra: um dos achocolatados tem que ter um sabor bem diferente do outro.

Enfim, é uma mania maluca, como muitas outras que tenho, como a de limpar o açúcar salpicado nos docinhos – mania de ex-obeso – e outras que não vêm ao caso. Um hábito que ocupa lugar demais no armário da cozinha, junto aos mingaus. Frescura mesmo.

Mas, ideologicamente, uma vez eu fui acusado de “viver mudando de religião” por uma amiga. Logo eu?! Eu só “mudei de religião” uma vez, porque religião não é coisa pra pôr no leite. Na verdade, eu não mudei de religião. Eu prefiro dizer que encontrei Jesus Cristo e que ele me encontrou por aí. Qual é a diferença? Toda. Religião não salva, Jesus sim – isso não muda.

Cresci na religião de meus pais até a adolescência. A velha ideologia herdada de todo brasileiro: você cumpre alguns ritos, não conhece as doutrinas oficiais e nem sabe justificá-las biblicamente (“e precisa?”), jura que ela é a única certa porque é “deixada por Jesus Cristo”, confunde-a com uma igreja, nunca questiona sua validade diante de Deus (porque afinal seus pais e milhões de pessoas não podem estar errados, não é?) e segue sua vida tentando se justificar diante de Deus por meio de caridade e boas obras, ignorando um relacionamento sério com ele e/ou confiando na imagem de Papai Noel e vovozão que você pode ter de Deus, porque, com certeza, santidade e compromisso com Deus é “coisa para beatos e não para você”.

Mas há um problema: quando você olha mais de perto, comparando sua fé e a Bíblia, vê que a coisa não era como você pensava. Como você se vê após a morte? (Lamento informar: você vai morrer um dia.) Como será seu relacionamento com Deus quando deixar esta vida? (Novamente: esse encontro é inevitável.) Você já pensou nisso ou está confiando que os outros pensaram nisso e decidiram tudo por você com as melhores das intenções? O que você sabe sobre Deus, sobre a pessoa de Deus, sobre o que ele faz, fez ou quer para você? Isso já aconteceu comigo, pensar no assunto seriamente.


Quando eu era adolescente, eu estive em contato com muitos ensinos religiosos. Mas apenas os ouvia, não me comprometi com nenhum. Havia deixado uma religião e passei 3 anos procurando por outra. Achava que uma religião era o de quê eu precisava, ou uma igreja; e considerei muito do que você pode imaginar: espiritismo, denominações protestantes, renovação carismática, judaísmo... Delas eu extraí muita coisa, mas a melhor delas foi a confusão.

Sempre cri que a Bíblia é a palavra de Deus. E, um dia, alguém me entregou um curso bíblico por correspondência, o Curso Bíblico da Escola Fonte de Luz – sem compromisso. Eu resolvi tentar. Afinal, de graça e falando sobre Deus, eu estava pegando qualquer coisa.

Através dele, conheci umas verdades básicas extraídas das Escrituras:

1) eu pequei e sou pecador [Romanos 3.10, 11, Tiago 2.10];

2) a pena para isso é a morte: a eterna separação da presença de Deus (não meramente a morte física) [Romanos 3.23];

3) eu ser uma pessoa “boa” era impossível, porque o padrão de Deus é a perfeição, e, por haver pecado, não poderia jamais chegar a Deus, porque bem algum que eu fizesse poderia anular a pena de morte que eu merecia por pecar contra ele [Romanos 3.23, 6.23];

4) Por causa dessa impossibilidade e porque Deus me amou muito, ele mandou seu Filho, Jesus Cristo, o qual com sua vida perfeita e sua morte na cruz pagou o preço do meu pecado [1 Pedro 2.24, João 3.16-17, Romanos 5.8];

5) o que eu precisava fazer para ser salvo era apenas me arrepender dos meus pecados e confiar em Jesus Cristo para que ele seja o meu salvador [João 1.12; 3.16; Atos 3.19; 4.12].

6) as boas obras não salvam - elas vêm em decorrência da transformação que Deus faz em todos os que recebem como Salvador Jesus Cristo, seu Filho amado [Efésios 2.8-10].

Isso foi impactante para mim, mas eu só me converti a Cristo um ano depois, sozinho em casa. Vi que era a coisa correta a fazer. Não há nenhum outro tipo de salvação a não ser em Jesus Cristo [Jo 5.24; 6.37; 14.6; Atos 4.12; Romanos 10.9-10, 13]: se houvesse, ele não precisaria ter morrido numa cruz. Depois foi que eu busquei uma igreja, e aí já é outra história.

Apenas arrepender-me e crer poderia me salvar? Sim, é isso que a Bíblia deixa bem claro. Minha dificuldade foi achar que isso era “fácil demais”, e que talvez não pudesse ser verdade. Mas depois eu pensei: se Deus promete algo, ele cumpre. E se foi fácil para mim, não foi fácil para Jesus, que pagou por isso morrendo na cruz em meu lugar. Ele morreu para me dar a salvação de presente - algo que nenhuma igreja, organização, profeta ou religião (coisas tipicamente humanas) podem fazer por alguém. Pois ninguém que seja imperfeito pode satisfazer a perfeição exigida por Deus, que apenas Jesus pôde alcançar. Presentes devem ser recebidos, e foi isso que alegremente fiz.

Sabedor desses fatos, e vendo que ser bom ou uma religião não são suficientes diante de Deus – porque não podem atingir a perfeição – eu encontrei o único caminho válido para a salvação diante de Deus, o único elo de ligação e conciliação entre o homem e Deus: Jesus Cristo – inigualável, indispensável, imutável e insubstituível.

Espero que você possa encontrá-lo como eu o encontrei, e que ele faça parte de sua vida para sempre. Desejo que você conheça e ame mais e mais a Deus e sua palavra a cada dia. E que a sua fé neles seja sólida e eterna... não como eu com meus achocolatados em esquema de revezamento.

11 de setembro de 2009

Ótica Gospel - Evangelize até com os olhos!



Trivia: Qual seria o lema?


a) "Saúdem todos os irmãos com óculos santos."

b) "Não lancem seus olhos fora ainda."

c) "Se os olhos são a lâmpada do corpo, os óculos são os abajures."

Extras:

"Evangélicos não-gospel favor não insistir."

"Ajudando você a enxergar melhor o cisco no olho do seu irmão."

7 de setembro de 2009

O silêncio de Deus e a voz profética


Quando Deus não falou, o melhor que faço é estar calado. Ou então ter coragem de falar apenas em meu próprio nome. No silêncio de Deus é melhor falar como ateu sensato do que como profeta devoto, que põe na boca de Deus lindas palavras que ele não disse. No silêncio de Deus, o homem tem total direito à palavra. Mas tal direito deve ser exercido em nome do homem, correndo ele o risco de ser julgado pela História como homem. O problema é quando no silêncio de Deus, falamos em nome dele, ainda que digamos o que há de melhor em nosso sistematizações teológicas. Um aspecto interessante sobre os profetas, é que eles eram gente sem nenhuma investidura religiosa oficial. Assim, era na informalidade da vida que Deus estava falando aos poderes constituídos. A Palavra de Deus estava sendo trazida por gente simples. O julgamento dessa Palavra de Deus aos líderes constituídos da nação, não vinha da classe sacerdotal, muito bem organizada e profundamente comprometida com o rei. A Palavra de Deus quase sempre foi leiga na História. Deus nunca falou oficialmente. Ele sempre usou os leigos para se fazer ouvir. Ele usa pessoas leigas, porém intrépidas. A intrepidez dos profetas vinha do fato, de que eles eram pessoas profundamente vinculadas à realidade do pacto de Deus com seu povo. Eles conheciam a Deus e conheciam o povo de Deus. A comunhão do povo de Deus eram os elementos atualizadores da mensagem dos profetas. O fato de que as agonias do pobre, dos oprimidos, aflitos e necessitados, estavam sendo ouvidas pelas profetas com uma dor contemporânea, é que dava a eles a possibilidade de pregarem sempre algo novo. Os genuínos profetas não ocupavam um escritório de profeta, apenas apareciam na cena da vida, quando necessário. E mais: os grandes e relevantes profetas de Israel, não eram frutos das chamadas escolas de profetas da época. As escolas de profetas já eram um meio caminho para a institucionalização do ministério profético, o que, sem dúvida, veio a ser um grande mal em Israel. Ninguém aprende a ser profeta. E os que o foram ou são, quase sempre gostariam de ser outra coisa, menos profeta. Por isso, devo dizer que, viver o ministério profético na atualidade significará, possivelmente ter algo a dizer aos poderes oficiais e não-oficiais constituídos na sociedade secular à qual pertencemos, bem como à igreja como instituição que muitas vezes, à semelhança de Israel no passado, se afasta do Senhor e o trai, quando abençoa de maneira messianicamente apaixonada ou quando se relaciona de maneira oportunista com tais poderes (principalmente em um ano de eleição como este). Na vida de Jesus, vemo-lo confrontando tanto a “igreja” (no sentido de que Israel, era também assembléia do povo de Deus), como o Estado. O ministério profético de Jesus para com a “igreja” aparece também no seu enfrentamento da instituição religiosa em si mesma. Mas aqui, chegamos a um ponto de difícil aceitação. Isso porque nós evangélicos, aceitamos o juízo de Deus como podendo vir com força sobre a igreja católica. Mas sobre nós, nossos membros, nossos pastores, nossos mestres, nossos teólogos, nossas instituições, julgamos uma heresia tal pensamento. A igreja protestante – a difusa igreja evangélica – está exatamenteno ponto de petrificação do processo religioso, no qual Jesus encontrou o judaísmo dos seus dias. Mas não somos capazes de ver isso. Dessa forma devemos dizer que muito daquilo que Jesus disse aos religiosos dos seus dias, deveria ser ouvido por nós hoje com temos e tremor. Jesus proferiu discursos contra os religiosos hipócritas, desalmados, mentirosos, cínicos, legalistas e superficiais do seu tempo. A nossa questão deveria ser: será que isso não têm nada a ver conosco? Esquecemos de como Jesus abominou a teologia correta que não gerava correção das deformações religiosas (Mateus 23: 1-3), o legalismo que achatava a psique humana ( Mateus 23:4), a espiritualidade estereotipada e encenada no palco da fé (Mateus 23:5-7), os títulos eclesiásticos enfatuados e autoreinvidicados (Mateus 23:8-12), as teologias de estreitamento da Graça ( Mateus 23:13), as preces usadas como chantagem emocional para tirar dinheiro dos pobres ( Mateus 23:14), o proselitismo separatista e desalmado (Mateus 23:15), os jeitinhos teológicos dados para esvaziar os conteúdos de causas e pessoas a fim de se dar valor às coisas da religião (Mateus 23:16-22). Esquecemos de como Jesus detestava a inversão de valores na hierarquia dos mandamentos e sua importância (Mateus 23:23,24), de como odiava as aparências falsas e sem correspondência no interior do ser (Mateus 23:25-28), de como enxergava com despreso o busto dos profetas em praça pública, pelo fato de que eles só eram honrados, porque já não estavam mais vivos para incomodar os líderes religiosos (Mateus 23: 29-35). Esquecemos sobretudo que para Jesus, sempre que tais coisas acontecem, fosse no judaísmo, seja na igreja, o juízo divino não pode falhar: “Em verdade vos digo, que todas essas coisas, hão de vir sobre a presente geração” (Mateus 23:36). No Apocalipse, Jesus diz: “Eu sou aquele que sonda mente e coração e vos darei a cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 2:23). As cartas às igrejas da Ásia nos falam da necessidade de que a igreja se arrepende de sua indiferença e arrogância (Ap. 2:4,5), do sincretismo e da impureza (Ap. 2:14,15), dos adultérios praticados com naturalidade no âmbito da comunidade por líderes da igreja (Ap. 2:20,21), e da soberba autoglorificante resultante de um sentimento de autonomia (Ap. 3:15-19). E isso foi escrito enquanto havia discípulos da primeira geração ainda vivos, como João. E hoje?

Escrito por Juber Donizete Gonçalves, do blog: Cristianismo Radical

3 de setembro de 2009

Teologia da libertação: "Deus me livre"

Há algum tempo, comprei uma Bíblia católica para poder ler os livros apócrifos (minha mãe tinha uma bíblia que era um alfarrábio, mas eu não tenho habilitação para dirigir guindaste para transportá-la para onde eu quiser), afinal, quando eu pretendesse discuti-los com alguém, seria natural ser perguntado sobre se já os li, e eu não podia dar a gafe de dizer que nunca os li, como faz muita gente “intelectual” que nunca leu a Bíblia e discorda dela. Então comprei a Edição Pastoral da Editora Paulus.

Antes de comprá-la numa loja de paróquia, não pesquisei sobre a tradução e o conteúdo das notas. Olhei criteriosamente apenas a capa, azul, minha cor predileta, com desenhos amarelos. Eu achei-a bem bonitinha, pois as ilustrações rústicas remetiam a pinturas e mosaicos bizantinos em que todos os santos têm os olhos grandes e a cabeça bem redonda ou oval com uma auréola ainda mais redonda em torno dela. Ademais, por ser azul, a Bíblia combina com todo o meu guarda-roupa, pois minha mãe diz que eu só visto azul. Não deu outra: levei essa mesmo (e o preço também estava bom!).

Ao chegar em casa, percebi duas coisas: a) a linguagem da Bíblia é muito gostosa de ler, fácil de entender; é uma Bíblia realmente voltada para o povo, talvez por isso a capa também lembre literatura de cordel. b) as notas e comentários são capazes de levantar suas sobrancelhas às vezes – sabe aquela sensação de que o PSTU e o PT estão ensinado exegese bíblica para você e que você já leu a Bíblia muitas vezes e “não sabe de nada”? Pois é. Muito Teologia da Libertação, capaz de trazer um desafio e inclusive uma certa descontração no final do seu devocional.

Achei algumas anotações estranhas em relação ao texto e outras até muito à frente do Vaticano, e os livros vêm com subtítulos, alguns inusitados, que fazem você pensar nos comentaristas pelo excesso de criatividade e imaginação que desvelam (De onde os caras tiraram que a intenção do texto era essa? – perguntei-me várias vezes lendo as notas). Eles escreveriam blogs muito maneiros, mas estão se desperdiçando com tanta criatividade nas interpretações figurativas que alguns textos não oferecem.

Alguns subtítulos curiosos:

Josué: a terra é dom e conquista
Juízes: a dinâmica do processo histórico
Rute: a luta dos pobres pelo seu direito
Judite: a invencível força dos fracos (a mulher jejuava demais, acho eu que é por isso...)
2º Macabeus: a fé leva ao heroísmo
Eclesiastes: felicidade é viver o presente
Eclesiástico: a preservação da identidade do povo
Lamentações: o povo humilhado



Eu podia comparar essa Bíblia a uma conversa entre duas pessoas. Uma delas quer pregar a mensagem do evangelho para salvar sua alma, mas pensa em você, às vezes, como uma comunidade. A outra parece que quer mostrar para você que a Bíblia defende um governo de esquerda e que você é uma coletividade numa luta de classes, que inclui reforma agrária.

Ontem à noite, antes de dormir, eu li o trecho das Bodas de Caná. Mas, como não poderia deixar de ser, aproveitei para ler a nota esperando dar uma risadinha. Veja só o que ela dizia:

“[...] João relata este episódio por causa do seu aspecto simbólico: o casamento é o símbolo da união de Deus com a humanidade, realizada de maneira definitiva na pessoa de Jesus, Deus-e-Homem. Sem Jesus a humanidade vive numa festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação constrangedora, simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus...” – É o típico momento “nonsense”, digno de um "Dã!"

Dá até para tirar várias lições práticas e reflexões interessantes aqui e acolá, mas o problema dos comentários é que às vezes trazem um sentido bastante diferente do que o autor do texto realmente pretende. No caso, o próprio João escreve no evangelho que confeccionou seu relato da vida de Jesus para que as pessoas creiam neste como o Filho de Deus, e, para que, pela fé neste Nome, tenham a vida eterna.


Sabedor disto, eu imagino um leitor da Bíblia acrítico, formado exclusivamente por comentários assim, viajando na maionese com interpretações simbólicas, algo que definitivamente não estava nos planos dos autores bíblicos quando quiseram apenas transmitir o testemunho de Jesus Cristo para a igreja (Jo 17.17; Hb 4.12; 2Tm 3.16-17; 2Pe 19-22).

As Escrituras não provém de particular interpretação, mas da inspiração do Espírito Santo; e é nesse prisma e sob a direção desse Autor e Intérprete que devem ser vistas. Portanto, ao ler comentários e notas de rodapé tenha muito cuidado. Busque sempre escutar o Mestre:

“Então Jesus disse a eles: ‘Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?’ Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.”


[...]

“’São estas as palavras que eu lhes falei, quando ainda estava com vocês: é preciso que se cumpra tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.’ Então Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras.”
– Jo 24.25-27 e 44-45. Bíblia Edição Pastoral - Paulus.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...